A utilização em Medicina da ultrassonografia como modalidade imagiológica expandiu-se a quase todas as especialidades clínicas. Esta difusão baseou-se na simplicidade, acessibilidade, portabilidade e baixo custo para obtenção em tempo real de imagens de alta resolução utilizando radiação não-ionizante. Por outro lado, esta corrente disseminou a técnica para além das instituições de saúde, em instalações públicas, residências privadas, ou locais remotos. Esta tendência ocorre globalmente, de países subdesenvolvidos a hospitais terciários e faculdades de medicina prestigiadas. Além disso, a ecografia point-of-care (EPOC), i.e., ultrassonografia realizada à cabeceira do doente para obtenção de informação em tempo real com fins diagnósticos, de monitorização clínica ou orientação de procedimentos invasivos, tem sido assumida por muitas especialidades. Na Gastrenterologia, apesar do papel essencial da endoscopia, a prática clínica encontra-se altamente dependente de exames de imagem não-endoscópica. Contudo, como noutras especialidades, as indicações para ultrassonografia em Gastrenterologia têm crescido continuamente, cobrindo um vasto leque de patologias. No seguimento da utilização generalizada da ecografia por não-radiologistas, instituições como a European Federation of Societies for Ultrasound in Medicine and Biology e o Royal College of Radiologists publicaram recomendações para assegurar um desempenho de alta qualidade. Estes requisitos teóricos e práticos incluem números mínimos de exames e competências técnicas a alcançar para a certificação com o fim de realizar autonomamente ultrassonografia digestiva. Existe, portanto, a necessidade de a Gastrenterologia moderna incluir a ecografia como um procedimento básico na prática clínica. Para assegurar a execução de ultrassonografia de alta qualidade, a formação adequada dos futuros especialistas deve ser garantida pelos Serviços de Gastrenterologia e exigida nos Programas de Formação do Internato.
The use of ultrasonography (US) as an imaging modality in medicine has spread across almost every clinical specialty. This diffusion is based on the simplicity, accessibility, portability and affordability of the technique producing real-time high-resolution images using non-ionising radiation. On the other hand, this trend also extended the technique to settings other than healthcare, such as public facilities, private houses or remote sites. This tendency can be observed worldwide, from developing countries to prestigious medical schools and tertiary referral hospitals. Furthermore, point-of-care US (POCUS), i.e., US executed at the patient’s bedside to obtain real-time objective information with diagnostic and clinical monitoring purposes or to guide invasive procedures, has been incorporated in many specialties. In gastroenterology, despite the essential role of endoscopy, clinical practice is highly dependent on non-endoscopic imaging techniques. However, as in other specialties, the indications of US in gastroenterology have been increasing steadily, covering a broad range of conditions. In response to the generalised employment of US by non-radiologists, institutions such as the European Federation of Societies for Ultrasound in Medicine and Biology and the Royal College of Radiologists issued recommendations to ensure high-quality practice. These theoretical and practical requisites include performing a certain number of examinations and mandatory skills in order to achieve certification to execute unsupervised US. Therefore, there is a need for modern gastroenterology to include US as a basic skill in its clinical practice. To ensure the provision of high-quality US, adequate instruction of future specialists should be guaranteed by the gastroenterology departments and required in the residency training programme.